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Acesso em 08/06/2025 às 17h16.

Confea homenageia presença feminina na Engenharia

10 de março de 2014, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 8 minutos

A cada ano aumenta a quantidade de mulheres registradas no Sistema Confea/Crea. Em 2013, 9.857 engenheiras obtiveram a carteira profissional, um número de registros 18% maior que no ano anterior. Nos últimos dez anos, o aumento de registros anuais também foi representativo, crescendo 333%. Atualmente, 109.353 engenheiras têm o registro profissional no Brasil. 

 

Para a conselheira federal, engenheira eletricista Ana Constantina, um dos motivos para o aumento do número de engenheiras é o acesso à informação, que abriu caminho para que as mulheres despertassem interesse pela profissão.Para a conselheira federal, engenheira eletricista Ana Constantina, um dos motivos para o aumento do número de engenheiras é o acesso à informação, que abriu caminho para que as mulheres despertassem interesse pela profissão.

 

Para a conselheira federal, engenheira eletricista e de segurança do trabalho, Ana Constantina, um dos motivos para esse aumento do número de registros de engenheiras é o acesso à informação, que abriu caminho para que as mulheres despertassem interesse pela profissão. “Atribuo isso à democratização da informação que nivela os gêneros no mesmo patamar de conhecimento e competência”, observa a conselheira federal e coordenadora da Comissão de Controle e Sustentabilidade do Sistema (CCSS).

 

"Quando a mulher tem oportunidade, consegue demonstrar que tem tanta capacidade quanto o homem", observa a conselheira federal, engenheira eletricista Darlene Leitão.

 

Esse foi o caso da também conselheira federal, engenheira eletricista Darlene Leitão, que na época de escolher o curso de graduação recebeu incentivo do cunhado engenheiro que atua na área de telecomunicação. Ela investiu na recomendação para a carreira profissional e, em 1993, foi a única aluna da turma a concluir o curso. “Quando a mulher tem oportunidade, consegue demonstrar que tem tanta capacidade quanto o homem", afirma Darlene, que, no Confea, coordena a Comissão de Ética e Exercício Profissional (Ceep).

Mas nem todas recebem esse incentivo. A atual presidenta do Crea-TO, engenheira civil Roberta Castro, conta que teve que encarar um desafio assim que foi aprovada no vestibular. “Minha mãe ouviu de um rapaz que estudava Engenharia: ‘Este curso é fácil para entrar e difícil para sair. Ela vai ter que estudar muito. Isso se não demorar mais que cinco anos para se formar’. Tomei aquilo como desafio. Ao término, fui fazer uma ponte com 48 metros de vão. Imagine uma menina-mulher comandando 48 homens”, lembra a presidente que, desde pequena, sonhava em ser engenheira. “Construía casinha com caixas de sapatos, cortando-as e encaixando-as. Fazia os pilares de palitos de fósforo e sempre queria fazer mais, construir casas para bonecas. Me instigava ver as construções, os prédios altos. Cheguei a acompanhar a construção de uma casa na minha cidade desde o baldrame até a cobertura”, conta Roberta.

Sobre a maior participação da mulher em setores até então dominados pela presença masculina, a presidenta do Crea-PB, engenheira agrônoma Giucelia Figueiredo, avalia que esse domínio na Engenharia foi quebrado a partir do momento em que as mulheres começaram a perceber que a profissão poderia ser exercida por elas com a mesma competência e credibilidade. "Nas profissões tecnológicas diria que está ocorrendo o fenômeno de feminilização, fruto do rompimento de uma lógica reinante na nossa sociedade que tornava as mulheres invisíveis", afirma a engenheira agrônoma.

 

 

 

Valorização da mulher no mercado de trabalho

Passados 157 anos, o Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, continua sendo uma data dedicada ao debate sobre a participação feminina na sociedade, especialmente no mercado de trabalho. A discussão tem a proposta de buscar a maior valorização da mulher e rever questões como salário baixo ou jornada excessiva de trabalho.

A conselheira federal Ana Constantina acredita que essas desvantagens na carreira da mulher estão presentes em todos os campos de atuação, não apenas na Engenharia. “Em nenhuma profissão há igualdade de oferta de emprego para mulheres e homens. Há também diferença salarial. E o pior, sem nenhum motivo real ou explicação”. 

 

 

Apesar dos avanços, ainda há muito que fazer para alcançar a equidade de gênero no campo de trabalho da Engenharia, como afirma a presidenta do Crea-TO. “Temos que ser mais reconhecidas. As mulheres, que são consideradas  sexo frágil, são as mesmas que acumulam vários papéis, entre eles o de mãe, engenheira, política, dona de casa. Isso é força,  não é fragilidade. Somos engenheiras com a mesma capacidade e com o mesmo grau de intelecto. O que não podemos – e nunca devemos – é desistir. Já vencemos vários paradigmas e, com certeza, vamos muito mais longe”, pontua com entusiasmo a engenheira Roberta Castro.

 

"As mulheres precisam cada vez mais ocupar espaços decisórios, construindo visibilidade por meio da competência técnica e participação", incentiva a presidenta do Crea-PB, engenheira agrônoma Giucelia Figueiredo

 

Às profissionais da área tecnológica, a presidenta do Crea-PB, Giucelia Figueiredo, dá uma sugestão: "As mulheres precisam cada vez mais ocupar espaços decisórios, construindo visibilidade por meio da competência técnica e participação. A mulher precisa construir seu próprio protagonismo com ousadia e garra. Ainda falta muito para avançarmos na luta contra manifestações de discriminação. Por isso, precisamos fortalecer o bom debate em nossas entidades e instituições em torno da política de gênero, ora em construção no Brasil. Assim avançaremos na luta pela ocupação qualificada de mulheres nos espaços de poder. Como dizia Guimarães Rosa: 'O que ela [a vida] quer da gente é coragem'", conclui.

Equidade de Gênero
 

Integrantes do Comitê de Gênero e Raça do Confea, Ana Luíza Alvim e Everlin Kaori: propostas em prol da equidadeIntegrantes do Comitê de Gênero e Raça do Confea, Ana Luíza Alvim e Everlin Kaori: propostas em prol da equidadeO Confea aderiu, há alguns anos, ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Em 2014, o Comitê de Gênero e Raça dará subsídios a um plano de ação, já encaminhado ao Programa. As conselheiras federais Ana Constantina Sarmento e Darlene Leitão participaram das primeiras reuniões, junto a representantes do Confea e à coordenadora-geral do programa, Simone Shäffer. Os superintendentes de Estratégia e Gestão, Cláudio França, e de Integração do Sistema, José Gilberto Campos, e o Gerente da Gerência de Desenvolvimento de Pessoas (GDP), Nelson Dafico, também participaram das discussões.

 

Ao longo de fevereiro deste ano, analistas da GDP, Henrique Lobo e Mariana Santos; da SIS, Ana Luíza Alvim e Daniel Leal e ainda da Gerência Técnica, Everlin Kaori, e da Gerência de Tecnologia da Informação, Rodrigo Borges, promoveram dois novos encontros, que resultaram na elaboração de um Plano de Ação que prevê medidas para aprofundar o compromisso com a equidade de gênero, como treinamentos e propagandas institucionais.

Coordenadora do Comitê de Gênero e Raça – ainda a ser regulamentado, mas que já esteve reunido no 3º Encontro de Líderes Representantes do Sistema ainda em fevereiro – Everlin Kaori considera indispensável a participação do Confea no processo de valorização da convivência de seus colaboradores. “Até agosto, pretendemos apresentar as primeiras ações do Comitê. Paralelamente, as conselheiras Ana e Darlene (supervisoras do Comitê) também pretendem desenvolver um grupo de trabalho para levar este plano de ação aos Creas”, acrescenta Ana Luíza Alvim.

Sobre o Dia das Mulheres

No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade de Nova Iorque, entraram em greve, reivindicando as melhores condições de trabalho, como a redução da carga horária (de 16 para 10 horas), equiparação com o salário dos homens (as mulheres chegavam a receber um terço do salário dos homens, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Durante a manifestação, as integrantes ocuparam a fábrica.  Entretanto, esta ação foi reprimida com violência, e elas foram trancadas e queimadas. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. O Dia Internacional da Mulher foi declarado durante uma conferência na Dinamarca, em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. No ano de 1975, por meio de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).