Inovação e tecnologia no setor da construção civil
12 de junho de 2013, às 9h00 - Tempo de leitura aproximado: 7 minutos
Investimento em infraestrutura, tanto público como privado, é a demanda atual da sociedade brasileira e o principal instrumento que irá proporcionar ganhos de competitividade necessários para acelerar o crescimento do PIB. Esse é o tema central pautado por expositores e palestrantes daConstruction Expo 2013, que segue até sábado (8/6) no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
Com o apoio do Sistema Confea/Crea e Mútua, a feira internacional de edificações e obras de infraestrutura reúne a cadeia da construção civil e apresenta salões temáticos com grandes projetos da engenharia em desenvolvimento no Brasil. Um deles é o Salão da Construção Seca, que apresenta os benefícios do uso de estruturas metálicas e de chapas de gesso na construção de habitações. Entre as vantagens desses materiais, estão a rapidez e limpeza na montagem, facilidade na manutenção, precisão e qualidade de acabamento, ganho na área útil, redução de 90% do consumo de matérias-primas naturais, a redução de entulhos nas obras e uso de água somente nas fundações.
Outra novidade é a tecnologia wood frame, adaptada para construção de casas de baixo custo. O sistema já é trabalhado hoje com um valor 10% menor do que o da construção convencional, além de ser três vezes mais rápido e utilizar menos mão de obra, porém mais qualificada, devido à industrialização dos processos. Isso gera menos desperdícios de material em 85% e emite 80% menos CO² na atmosfera.
Engenharia militar
Projetos tecnológicos governamentais também têm espaço na Construction Expo. No Salão do Prosub, os visitantes conhecem o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), responsável pelo primeiro submarino nuclear do Brasil que estará no mar em 2025. Caso o cronograma do Governo Federal e da Marinha do Brasil seja cumprido, o Brasil será o 6º país a ter esta tecnologia e a 1ª nação que não pertence ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, apenas Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China têm um submarino nuclear.
Para a execução do projeto, o Brasil enviou para a França 26 engenheiros para capacitação e troca de informações e tecnologia com profissionais estrangeiros. “Depois disso, avançamos em conhecimento e chegamos às centrífugas com rotor de enriquecimento de urânio totalmente levitado, o que considero o maior feito tecnológico do Brasil no século passado, pois gastam menos energia”, explica o capitão da Marinha José Carlos Negreiros Lima. Atualmente o equipamento é tratado como segredo de Estado.
Sustentabilidade urbana
E na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6), o tema sustentabilidade teve espaço no Construction Congresso, evento paralelo à feira, e que termina nesta sexta-feira com a participação de 2 mil inscritos, segundo os organizadores. Em palestra, o professor titular da Escola Politécnica (USP), Alex Kenya Abiko, alertou para o fato de que as soluções para problemas de sustentabilidade urbana são complexas e passam por medidas de gestão metropolitana e não apenas de âmbito municipal. Segundo ele, isso significa que, para uma cidade como São Paulo, que enfrenta graves problemas de enchentes, inundações, trânsito, transporte público e lixo, o planejamento de medidas deveria incorporar simultaneamente ações em Campinas, São José dos Campos, ABC e Baixada Santista. “A sustentabilidade urbana também não pode ser tratada da mesma maneira em uma metrópole como São Paulo, com 11 milhões de habitantes, e Borá, o menor município do País, com 800 habitantes”, explica o professor.
Do lado do poder público federal, a chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Esther Dweck, destacou que o governo vem aumentando os investimentos em infraestrutura e que uma das prioridades é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Os municípios recebem recursos do Programa, mas precisam cumprir algumas regras. Para facilitar a liberação de dinheiro, flexibilizamos ao máximo as exigências, mas ainda há algumas dificuldades, como a comprovação do uso dos recursos nas obras determinadas”, afirma.
Segurança e qualidade das edificações
A engenharia diagnóstica também foi pauta do Construction Congresso. Durante a palestra do representante do Instituto de Engenharia, Tito Livio Gomide, foi destacada a importância de vistorias, inspeções e auditorias para preservar o desempenho e aprimorar a qualidade de edificações. Também foi ressaltado que o trabalho do engenheiro nessa área deve ir além da constatação dos problemas, agregando análises e origem das falhas.
O palestrante lembrou que o assunto tem recebido mais atenção nos debates do governo. Prova disso é que o projeto de lei do Senado, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que trata da Inspeção Predial Nacional foi aprovado no último dia 5 de junho, pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), e deve seguir para a Câmara dos Deputados. Caso se torne lei, edifícios residenciais e comerciais, escolas, igrejas, teatros, viadutos, rodovias e outras edificações estarão sujeitos a inspeções periódicas.
Segundo Gomide, a nova legislação, que já foi aprovada em alguns Estados – como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul -, abrirá mercado para engenheiros que atuarão em inspeções de edificações em uso. Além das obras que já estão no mercado, os profissionais ligados à engenharia diagnóstica poderão ainda atuar na inspeção de imóveis na hora da entrega ao comprador, no período de garantia e na manutenção da obra.
Infraestrutura para o agronegócio
Problemas de infraestrutura que afetam e encarecem o escoamento da produção agropecuária do Brasil também foram debatidos entre os participantes do seminário. "Nós temos urgência em encontrar uma solução de curto prazo para uma situação que é insustentável, sobretudo por afetar o agronegócio, um segmento que tem sido o principal responsável pelo crescimento econômico do País nos últimos anos", disse o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho durante palestra, lembrando que os produtores poderão ter um prejuízo de US$ 4 bilhões neste ano em razão da situação da logística para exportação de soja e milho.
Nesta sexta-feira, último dia do Construction Congresso, são realizadas 12 palestras com temas como “Grandes investimentos em infraestrutura no agronegócio”, “Perspectivas do país no setor ferroviário” e “Planejamento e gestão de carreira no mercado de engenharia”.
Já a feira Construction segue até as 17h do sábado (8/6), onde o público pode visitar oestande do Sistema Confea/Crea e Mútua e receber orientações sobre o exercício profissional da engenharia e agronomia, a importância da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e do Código de Ética, entre outros. O estande está localizado no Pavilhão 1, Rua B, nº 9.