Confea na Rio+20: lado social da conferência mostra sua cara
19 de junho de 2012, às 8h27 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Reunidos desde sexta-feira (15/6), no Aterro do Flamengo, integrantes de diversas etnias, religiões, profissões, organizações sociais e governamentais traçam o panorama atualizado das lutas sociais e ambientais, na Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, evento que integra a programação paralela à Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Como indica o próprio nome do evento que prossegue até o dia 22, em diversos espaços da capital fluminense, a versão que renova as esperanças suscitadas na Eco-92 reverbera agora, além das expectativas ambientais do planeta, as demandas das entidades e movimentos sociais e populares de vários países.
Ao longo do Aterro do Flamengo, uma profusão de encontros trata de enfatizar que a “possibilidade” levantada pelo slogan do principal evento a aglutinar o movimento social mundial, o Fórum Social Mundial, ainda parece, infelizmente, longe de concretizar-se. Alguns desafios estão até mais complexos. Mas é inegável que o mundo parece mais integrado, seja pela internet, seja pela própria organização das comunidades. É preciso lembrar que desde o evento pioneiro desenvolvido durante a gestão de Fernando Collor, o mundo despertou para a importância da preservação da natureza, mas também experimentou uma série de encontros que definiram um novo momento para a construção de uma sociedade mais equilibrada. Os Fóruns Sociais Mundiais (cujo famoso slogan, “Um outro mundo é possível”, segue embalando o ritmo das discussões da Cúpula dos Povos), começaram em Porto Alegre, em 2001, e se propagaram pelo planeta.
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Movimento contra a energia nuclear ouve sobreviventes do acidente de Fukushima |
Assim, no primeiro dia do encontro, podíamos encontrar desde o engenheiro florestal Glauco Pinheiro, representante do Colégio de Entidades Nacionais do Confea como presidente da Sociedade Brasileira dos Engenheiros Florestais (Sbef), a grupos que defendem o fim do uso da energia nuclear, com direito a plateia firme em plena 18h para ouvir, com atenção, alguns sobreviventes do desastre de Fukushima. No Aterro, a Igreja Católica fala em “invasores” portugueses, fala uma linguagem mais próxima do discurso ecologista, social.
Autor de livros como “Saber Cuidar”, o teólogo Leonardo Boff é uma atração à parte. Para ele, a engenharia deve descobrir fórmulas de utilizar elementos naturais, que não degradem a natureza, e deve seguir a própria lógica da natureza. "É um desafio para a criatividade humana observar a natureza e, simultaneamente, criar algo que ajude a aproximar o ser humano do sentimento de pertencer à natureza”. Palavras que dialogam com o depoimento do presidente do Confea, eng. José Tadeu, para quem está em pauta, durante a Rio+20, “como aliar economia verde e erradicação da pobreza, e a questão que representa o maior desafio da atualidade para os países emergentes: como realizar progresso afetando o menos possível o meio ambiente? E ainda, o quão justo é esse questionamento, uma vez que os países desenvolvidos já tiveram suas oportunidades de progresso antes do início da conscientização sobre ecologia?”. Respostas que umbandistas, católicos, artistas, profissionais, estudantes, brasileiros, japoneses, catadores de lixo e outros ativistas presentes à Cúpula dos Povos também precisam encontrar.