Confea na Rio+20: O futuro da Química Verde
19 de junho de 2012, às 8h25 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
A indústria química movimentou o último dia (14/6) do ciclo de debates Brasil sustentável – o caminho para todos, dentro da programação preparatória da Rio+20. Reunindo setores governamentais ligados ao meio ambiente e à saúde, além de entidades do setor, o fórum sintetizou discussões sobre resíduos sólidos, riscos de contaminação por defensivos agrícolas e outros agentes, e ainda produção, impactos e regulações ambientais. A programação promovida pelo Ministério do Meio Ambiente aconteceu no Jardim Botânico, entre 11 e 14 de junho.
Para o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, o debate buscou “costurar uma perspectiva comum, tomando com mais clareza os dilemas da área de química”, considerada por ele uma das mais estratégicas para o desenvolvimento de qualquer país. A mesa contou ainda com o ex-Ministro do Meio Ambiente, Henrique Cavalcante Brandão; o diretor do departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto; e o representante da Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), Pedro Wongtschowski.
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Pedro Wongtschowski, membro do conselho consultivo da Abiquim: autorregulação e metas de elevar a posição do país no mercado internacional da indústria química |
Gaetani pondera que as metas de projeção de que o país se torne a quinta maior potência do setor em 2020, apontadas pela Abiquim, balizam a atuação entre os parceiros. “Claro que há uma correlação grande entre as taxas de crescimento da indústria e as taxas de crescimento do país. Na medida em que a presidenta Dilma, que o governo estabelece como meta principal o crescimento com inclusão social e preservação ambiental, nós entendemos que as prioridades estabelecidas pelo setor se enquadram nos propósitos do nosso marco do projeto nacional do desenvolvimento”, diz. Pedro Wongtschowski acrescentou que o setor movimenta 150 bilhões de dólares/ano, “sustentando o desenvolvimento da indústria brasileira” e projetando-se entre os 10 maiores do mundo. “Ele participa com pouco mais de 3% do PIB nacional”, complementou Guilherme Netto.
Impactos e autorregulação
Os impactos ambientais relacionados ao setor foram bastante discutidos. Na visão de Francisco Gaetani, a tensão entre a área química e a área ambiental é a mesma que envolve outros setores industriais. “Prefiro abordar a questão pelo lado da tecnologia. O desenvolvimento sustentável depende fundamentalmente de tecnologias verdes para que se possa atingir a sustentabilidade de forma mais qualificada, de forma mais inclusiva, de forma mais ponderada. Então, a indústria já tem feito muitos esforços no âmbito da autorregulação. É bom lembrar que é uma indústria de pesos pesados, é uma indústria que tem muitas multinacionais, e esse é um esforço global. Todos os países do mundo estão nessa discussão. Então, nossa indústria química é exemplo para as indústrias químicas dos países desenvolvidos do mundo. Ela sabe que precisa trabalhar com uma preocupação ambiental, de segurança, no seu DNA, para que possa cumprir seu papel. Então nós, a princípio, vemos com otimismo, com ânimo esse propósito da indústria e dependemos de trabalharmos juntos para construção das soluções de que o país precisa nessa agenda”.
Já o representante da indústria química, Pedro Wongtschowski, ressaltou a autorregulação, a “atuação responsável” da área, acompanhando performances para reduzir o impacto ambiental, como a da redução de emissão de gás carbônico, de acordo com o conceito da “Química Verde”. Entre os pilares do potencial de crescimento da indústria química, “apta para manter a produção à medida que o mercado se materialize”, ele relaciona a produção de celulose e de outras matérias-primas. “Há demanda, e estamos nos autorregulando sistematicamente, mas precisamos de mais investimentos para atingir esta posição melhor no futuro”, enfatizou.
Química e saúde
O representante do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto, assevera ser preciso tomar medidas para conter potenciais danos à saúde, envolvendo o setor: “A indústria química é uma preocupação bastante relevante do ponto de vista da saúde, até porque envolve doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas, o câncer e as intoxicações. Esta exposição a químicos é uma realidade no país. O Ministério da Saúde procura, na perspectiva do SUS e da OMS, fortalecer cada vez mais a atenção à população vulnerável, bem como participar dos mecanismos de gestão integrada, porque não basta apenas o governo estar completamente alinhado e comprometido com uma agenda de proteção da saúde, da vida da população. O setor produtivo e também a representação da sociedade, no sentido de centrais sindicais, organizações sindicais, ONGs e demais expressões de organização da sociedade brasileira têm um papel extremamente relevante para poder fazer com que nós enfrentemos permanentemente esse tema da exposição humana a químicos no Brasil”.