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Acesso em 15/09/2025 às 16h52.

Geólogo Amílcar Adamy será homenageado com Medalha do Mérito Confea por sua Trajetória na Amazônia

15 de setembro de 2025, às 11h48 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

O geólogo Amílcar Adamy será homenageado com a Medalha do Mérito do CONFEA durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), que acontece em outubro deste ano, em Vitória (ES). A condecoração é um reconhecimento nacional concedido pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) a profissionais cujas trajetórias profissionais se destacam pelo compromisso com o desenvolvimento da engenharia, agronomia e geociências no Brasil.

Natural do Rio Grande do Sul, mas com mais de cinco décadas dedicadas à Geologia na Amazônia, especialmente no estado de Rondônia, Amílcar se destaca por uma vida marcada pela pesquisa, descobertas científicas e contribuições estratégicas ao conhecimento geológico nacional, bem como ao Sistema CONFEA-CREA-RO.

Durante a plenária do Crea-RO, presidente Edison Rigoli e Entidades de Classes anunciando a homologação da indicação do geólogo Amilcar Adamy ao Livro do Mérito do CONFEA.

“É o reconhecimento de uma vida inteira dedicada à Geologia”

A indicação de Adamy à honraria partiu do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Rondônia (SENGE-RO) e da Associação Profissional dos Geólogos do Estado de Rondônia (APROGERO), sendo aprovada por unanimidade pelo plenário do CREA-RO e posteriormente pelo CONFEA.

Recebi a notícia com surpresa, mas também com muito orgulho e gratidão”, comenta o geólogo. “Profissionalmente, representa o reconhecimento de uma trajetória construída com dedicação, responsabilidade e competência. Pessoalmente, é uma realização que compartilho com minha família, especialmente meus filhos, como prova de que os sonhos podem se tornar realidade.

Dos primeiros passos à floresta amazônica

A paixão de Amílcar pela Geologia começou ainda na adolescência, após a sugestão de uma professora do ensino ginasial. “Na época, eu nem sabia direito o que era a profissão de geólogo. Só anos depois, ao conhecer um profissional da área, comecei a me encantar por esse universo”, lembra. A curiosidade por fenômenos como terremotos, vulcões e minerais foi o estopim para uma jornada acadêmica que culminou na sua formatura em 1971.

Mas foi a decisão de mudar-se para Rondônia, em 1972, que realmente marcou o início de sua contribuição à ciência brasileira. “Encarei a floresta com mochila nas costas, desbravando trilhas e áreas virgens, aprendendo com o bioma e com as pessoas que me acompanhavam nas expedições”, conta.

Descobridor da primeira paleotoca amazônica

Interior da Paleotoca de Vista Alegre do Abunã.

Entre suas contribuições mais emblemáticas está a descoberta da primeira paleotoca da Amazônia, uma caverna escavada por animais da megafauna extinta há cerca de 10 mil anos. A identificação aconteceu após anos de buscas e consultas com especialistas, como o professor Heinrich Frank, da UFRGS.

Com mais de 600 metros de extensão, a paleotoca revelou aspectos inéditos sobre o passado geológico e climático da região. “É a maior da América do Sul e trouxe à tona um cenário amazônico completamente diferente do atual, com clima seco, campos e savanas habitadas por preguiças gigantes, mastodontes e outros animais extintos”, relata.

A descoberta ganhou repercussão nacional e internacional, foi destaque em congressos e mídia especializada, e motivou a identificação de outras nove paleotocas em Rondônia, com apoio do CREA-RO.

Pioneiro nos estudos de Geodiversidade

Mandíbula de Purussaurus Brasiliensis (tamanho até 12 metros). Rio Purus – Sítio Cajueiro.

Outro marco na trajetória de Adamy foi sua liderança nos projetos de Geodiversidade, iniciativa inédita da CPRM (Serviço Geológico do Brasil) que mapeia o patrimônio geológico nacional como contraponto à biodiversidade.

“Foi o projeto mais gratificante da minha carreira. Começamos com o estudo nacional e depois fomos para os estados, como Rondônia e Acre, culminando com estudos semelhantes em cinco municípios rondonienses. Esses trabalhos possibilitam o uso racional do território, ajudam no planejamento urbano e rural, na conservação do patrimônio natural e até no turismo geológico”, destaca.

A iniciativa rendeu relatórios técnicos de alto valor para gestores públicos e pesquisadores, além do cadastramento de mais de 40 sítios geológicos e geomorfológicos em Rondônia.

Um legado que atravessa gerações

Com mais de 50 anos de atuação, Adamy acredita que sua maior conquista foi ter permanecido na Amazônia e contribuído diretamente para o desenvolvimento regional através da ciência.

Cachoeira de Jirau. Estudo de viabilidade das UHEs Madeira.

Ele também participou de projetos estratégicos como o Zoneamento Geoambiental da fronteira Brasil-Bolívia e dos Estudos de Viabilidade das UHEs Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, ambos fundamentais para o planejamento territorial e energético da região.

Além disso, contribuiu com instituiçoes de ensino superior, tais como a UNIR-RO e UFAC-AC, participando inclusive de expedições de campo, sendo uma delas no Rio Purus, onde foi descoberto importante sítio fossilífero (Sítio Cajueiro). 

Toca do Morcego (inicia como cânion e termina como caverna, existindo um pequeno córrego); Município de Alto Alegre dos Parecis.

Para os jovens profissionais que ingressam na Geologia, Adamy deixa um conselho direto. “Se decidirem atuar na Amazônia, abracem a região e contribuam com dedicação. Muitos vêm, mas poucos ficam. E é ficando que se constrói um legado.”

Mensagem final aos participantes da SOEA

Aos profissionais e estudantes que estarão na 80ª SOEA, Amílcar Adamy compartilha uma mensagem de inspiração e perseverança:

“Nem sempre os projetos trarão reconhecimento imediato. Mas ofereça sempre o melhor de si, mesmo nas tarefas mais simples. E, acima de tudo, abrace o lugar onde você está. É esse vínculo que transforma um trabalho em missão.”

Sobre a Medalha do Mérito CONFEA

A Medalha do Mérito é a mais alta honraria concedida pelo Sistema CONFEA/CREA e reconhece profissionais e instituições que contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento da engenharia, agronomia e geociências no Brasil. A entrega da honraria acontecerá em cerimônia especial durante a 80ª SOEA, entre os dias 6 e 9 de outubro de 2025, em Vitória (ES).

 

Narah Braga – Assessoria de Comunicação do CREA-RO