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Acesso em 07/06/2025 às 20h46.

Discurso do coordenador da câmara especializada de Agronomia na abertura da Reunião da CCAGRO em Porto Velho

19 de abril de 2012, às 10h50 - Tempo de leitura aproximado: 8 minutos

   O CREA-RO tem a honra e a grata satisfação de receber os nobres Conselheiros Coordenadores de Câmaras Especializadas de Agronomia e Engenharia Florestal dos CREAs de todas as Unidades da Federação brasileira e do Distrito Federal, assim como os nossos convidados especiais, gestores de entidades públicas e privadas rondonienses, com atuação na área de abrangência da modalidade agronomia, que envolve engenharia agrícola, engenharia de pesca, engenharia florestal e demais modalidades correlatas e, com grande alegria recebemos os Conselheiros do CREA-RO, oportunidade em que agradecemos pela presença que, em muito, enaltece esta 2ª Reunião Ordinária da CCAGRO, que pela 1ª vez, na belíssima história dos 29 anos do CREA-RO, acontece em Porto Velho, que sempre foi palco de notáveis eventos do Sistema CONFEA/CREA, mas ainda não havia acolhido a CCAGRO. Agradeço ao Coordenador Prof. Dr. Juarez Morbini e aos Conselheiros Coordenadores de Câmaras Especializadas de Agronomia e de Florestas que acolheram e aprovaram a proposição, desta se realizar em Porto Velho.  Esperamos e desejamos que se sintam bem em Porto Velho e tudo faremos para que assim seja.

   Peço licença aos ilustres participantes desta Plenária, para justificar a razão deste evento ocorrer em Rondônia, embora presumo que todos o saibam, mas, não posso deixar passar a oportunidade de ressaltar que, além de ser o portal de entrada para a Amazônia, no cenário do processo de desenvolvimento Nacional, Rondônia é a bola da vez. Basta dizer que, duas das maiores obras do PAC estão sendo construídas em Porto Velho, as Usinas Hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio e, nesta última, nossos visitantes irão conhecer o Canteiro de Obras, para ter uma ideia da grandiosidade destes empreendimentos.
Na esteira dessas obras, várias indústrias vieram se instalar em Porto Velho e, só para mencionar um exemplo, cito a fábrica de cimento do Grupo Votorantim.

   E o que tem a ver este exemplo, com a realização desta reunião da CCAGRO em Porto Velho? Entre tantas outras, cito uma razão singular: A referida fábrica integra a “Holding” do Grupo Votorantim, do qual faz parte a VPC – Votorantim Papel e Celulose. Segmento empresarial do grupo que investe, maciçamente, no plantio de florestas. E já começa a fazê-lo em Porto Velho.

   Este fato, em muito se relaciona com esta reunião da CCAGRO. Pois, um dos importantes itens da pauta deste evento é o posicionamento da CCAGRO frente ao registro, comercialização e aplicação de agrotóxicos, enfatizando o recolhimento de embalagens vasias. Vamos abordar, também, vários outros assuntos de interesse para o desenvolvimento sustentável do país, estribados na área da agronomia, e temas de foro íntimo do Sistema CONFEA/CREA, como capacitação para os colaboradores do Sistema e de Conselheiros; Uniformização de procedimentos na fiscalização do exercício profissional; Estratégias para acompanhar, no Congresso Nacional, a votação de leis que afetam, direta e indiretamente, os interesses das categorias inseridas no Sistema CONFEA/CREA e, neste evento, ênfase especial será dada àqueles Projetos de Leis que dizem respeito à área da agronomia. Em fim, a pauta dessa reunião é longa!. Vamos trabalhar muito, com certeza!

   Mas, voltando ao tema agrotóxico, e puxando todas as brasas para assar as sardinhas dos Florestais que – no Sistema CONFEA/CREA integram a modalidade Agronomia -, impende asseverar que o plantio de florestas não prescinde do uso de veneno para combater formigas, cupins e outros insetos, assim como para eliminar a presença de fungos, bactérias e outros fito-patógenos nocivos ao desenvolvimento da silvicultura.

   Em Rondônia, o reflorestamento ainda é incipiente, mas o Grupo Votorantim, considerando a tradição da VPC no plantio de florestas homogêneas, notadamente no sul do país, com destaque para o estado do Paraná, já iniciou aqui, em Porto Velho, um trabalho de incentivo e orientação ao cultivo de eucalipto. E, o governo do Estado de Rondônia, também, caminha nesta direção: já editou um Decreto incentivando o plantio de florestas. E o órgão ambiental estadual – SEDAM, no ano passado, baixou uma Portaria neste sentido.

   Vale aduzir, que, de acordo com o que foi tratado na 2ª Conferência da Indústria Florestal Latino Americana, mês passado, em São Paulo, lá foi dito que o consumo de madeira, na China, pode alcançar 270.000.000 m³ até 2014, e o cenário de crescimento das oportunidades que envolvem o mercado chinês, nas frentes de negócios da Ásia com a América Latina é promissor. Contexto no qual entra o Brasil, em que, além dos estados sulinos, tradicionais plantadores de florestas, na região Centro Oeste, MS e MT foram citados na Conferência e, no Norte, os estados de Rondônia e Pará despontam como emergentes neste campo. Sobre este assunto, naquela Conferência, Bernard Fuller, presidente da Cambridge Forest Products Associates (CFPA), um dos prelecionistas daquele evento, disse: “ No que se refere ao setor florestal, a China não permitiu que houvesse recessão, o que garantiu até agora, todo tipo de consumo de madeira, seja celulose, painéis, madeira serrada, toras, entre outros produtos ”. Portanto, o plantio de florestas crescerá, aqui e em todo país. E com ele o consumo de agroquímicos. Aí reside a grande importância desta reunião da CCAGRO, em Porto Velho.

   Adicionalmente, insta esclarecer que, em Rondônia, as culturas do café, que ocupa o 6º lugar na cafeicultura nacional, e do cacau, cuja extensão dos cultivos rondonienses representa o 2º lugar de área plantada com cacau, na Amazônia, são destaques do agronegócio rondonienses, com expressões significativas na economia regional, as quais utilizam agroquímicos em seus processos produtivos, dentre eles os agrotóxicos.

   E mais, pelo fato de grande parte do transporte rodoviário da soja mato-grossense passar por todo estado de Rondônia, do Sul ao Norte, ou seja, de Vilhena a Porto Velho, para ser escoada para a Holanda e outros países, via Atlântico, usando os Rios Madeira e Amazonas, já despertou nos agricultores rondonienses, assim como nos agricultores do sul do estado do Amazonas, notadamente dos municípios de Canutama e Humaitá, vizinhos de Rondônia, grande interesse pela sojicultura, cujos espaços cultivados crescem, ano a ano e, consequentemente, o uso de agroquímicos vem aumentando, entre eles os agrotóxicos, o que sinaliza no sentido de que devemos estar alerta e, de sermos pró-ativos, pois, prevenir é melhor que remediar.
Vale aduzir ainda, que Rondônia, com um plantel bovino na casa dos 12 milhões de cabeças, 70% corte e 30% leite, a despeito dos brilhantes trabalhos de controle da SFA e da Agência IDARON, os pecuaristas, para manter seus plantéis imunes, têm grande consumo de agrotóxicos, para limpeza de conservação das pastagens e dos produtos de defesa animal e, muitas vezes, os utiliza sem observar os cuidados para não contaminar pessoas.

   Vejam os senhore(a)s que só o item Agrotóxico, da pauta desta reunião da CCAGRO em Rondônia, já faz dela um marco indelével, pela sua insofismável importância, para uma boa qualidade de vida, neste planeta terra.
É com esta preocupação que estamos aqui nos reunindo a fim de identificar, enquadrar, debater e propor soluções para o problema Agrotóxico, entre outros. 

   Por isto, ao tempo em que desejo boas vindas aos nossos visitantes, agradeço a presença e colaboração de nossos convidados especiais e dos conselheiros rondonienses, augurando aos Conselheiros visitantes um profícuo trabalho, com a certeza de gerarão frutos alvissareiros, nesta reunião da CCAGRO, para o Sistema CONFEA/CREA e, consequentemente, para o ordenamento dos profissionais do Sistema – da área de agronomia – e para o progresso continuado do país, contribuindo assim, sobremaneira, para um crescimento econômico equilibrado, pautando pelo respeito, incontinente, aos imperativos de ordem ambiental, para garantia, indubitável, de vida saudável no planeta terra, para esta e futuras gerações.

   Bom trabalho para todos nós.  Felicidades e Muito Obrigado.

Engº. Florestal Joel Mauro Magalhães
Coordenador da Câmara Especializada de Agronomia de CREA-RO.