Energia para o desenvolvimento sustentável
26 de junho de 2012, às 9h00 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos
O papel do setor elétrico em prol do desenvolvimento sustentável foi apresentado no seminário “Eletricidade e Sustentabilidade – uma visão global”, que movimentou o Parque dos Atletas, próximo ao Rio Centro, na Rio+20, nesta quinta-feira (21/6). O evento, promovido pela Eletrobras, destacou a produção hidrelétrica do país como “energia limpa” e a integração energética latino-americana. Apontada pela revista Newsweek como a terceira empresa “mais verde” do mundo, a empresa celebra seus 50 anos em 2012.
Dividido em módulos, o evento reuniu nomes como o secretário executivo do Ministério das Minas e Energia, Márcio Zimmermann; a diretora executiva da Global Sustainable Electricity Partnership (GSPE, antigo e8), Martine Provost; o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, e o diretor-geral da International Renovable Energy Agency (Irena), Adnan Amin, participantes do primeiro módulo da programação.
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Secretário executivo do Ministério das Minas e Energia, Márcio Zimmermann; diretor-geral da ONS, Hermes Chipp; diretora executiva da GSPE, Martine Provost e diretor-geral da Irena, Adnan Amin em debate sobre a energia renovável, promovido pela Eletrobras, na Rio+20 |
“Temos muito o que aprender com a Eletrobras, uma empresa que nestes 50 anos experimentou muitos avanços”, saudou Amin. Para ele, o sucesso do Brasil com o uso sustentável da energia, por meio das hidrelétricas, pode ajudar a incrementar o potencial da área em todo o mundo. “Só usamos dez por cento do nosso potencial hidrelétrico”. Ele também destacou programas de inclusão no setor elétrico como o PLPT “Programa Luz para Todos” e o pioneirismo brasileiro em pesquisas com energia eólica e de biocombustíveis como alternativas aos combustíveis fósseis. “Os custos com a pesquisa da segunda geração de biocombustíveis, com resíduos agrícolas, sem impactos, estão caindo, por meio do uso de técnicas mais competitivas. Isso está mudando o mercado do mundo todo”. E acrescentou que o mundo está investindo muito em energia renovável. “É o futuro”.
Hidrelétricas e sustentabilidade
Já a diretora executiva da GSPE, Martine Provost, ratificou a liderança brasileira no segmento, considerando que o processo de sustentabilidade exige um aprendizado constante. “E a Eletrobras combina muitas experiências”, disse, destacando o desenvolvimento possibilitado pela construção de hidrelétricas. “As hidrelétricas induzem o desenvolvimento econômico e social das regiões onde estão instaladas”, concordou o secretário executivo do Ministério das Minas e Energia, o engenheiro eletricista Márcio Zimmermann.
Ele considerou que a entidade chegar aos 50 anos, em plena Rio+20, “é um sinal bastante positivo”, incentivando a continuidade da sua atuação nos moldes sustentáveis, inclusive do ponto de vista socioeconômico. Enaltecendo a viabilidade dos projetos pelo BNDES, ele ressaltou que “projetos estruturantes com visão mais ampla devem atingir o lado ambiental e econômico". O secretário anunciou a universalização da oferta de energia elétrica no país até 2014, e ressaltou a necessidade de dobrar a oferta per capita brasileira para 4600 kwh/hab.
Custos e benefícios
O uso de outras formas de energia renovável em larga escala é considerado pouco eficaz pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS) e presidente da Comissão de Integração Energética Regional (Cier), Hermes Chipp. “Você consegue expandir a sua matriz energética à margem com energia eólica, solar, biomassa. Mas, no Brasil, não vai mais se usar esse tipo de fonte. Você tem que ter complementaridade térmica, e eu creio que, com as novas descobertas de gás, o pré-sal, a gente consiga destinar parte desta produção para a geração térmica, a gás, a GNL, enfim, para garantir este suprimento”.
Mesmo assim, diz, o país tem feito investimentos significativos em energia eólica com um parque de 1400 megawatts instalados, com previsão, para 2016, de oito mil megawatts. “Tem a condicionante que é o preço da energia. Começamos com o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas), um projeto de subsídios do governo, em que o preço era perto R$ 300 por megawatt/h. Hoje, o leilão está saindo a R$ 99, muito mais barato que o próprio gás. Eu acredito que, se isso continuar assim, vamos ter que partir para leilões por fontes, para poder agregar gás, biomassa, que nestes últimos leilões não têm conseguido competir com a eólica”. Em relação ao biodiesel, Chipp também defende a permanência de seus investimentos. “O biodiesel está sendo desenvolvido, mas a diferença de porte para o pré-sal é magnífica. Mas hoje, a gente não consegue se desenvolver nada só em nível nacional, com a globalização”.
Equilíbrio
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Secretário executivo do Ministério das Minas e Energia, Márcio Zimmermann defende os investimentos sociais e econômicos nas áreas de hidrelétricas |
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema acrescenta que acredita na redução de emissão de poluentes, em nível mundial. “O país está trabalhando para isso. Eu acho que um ponto de equilíbrio que tem que ser buscado quando você pensa em não construir usina sem reservatório algum. E, depois, na operação, para você garantir a segurança e ter que gerar um volume muito grande de térmicas, pode ser mais prejudicial ao meio ambiente. Então, na fase de planejamento, tem que se pensar com maior profundidade nesse equilíbrio entre você construir usinas com algum reservatório, talvez, para emitir menos gás poluente na operação que você é obrigado a gerar térmica”.
Membro da delegação brasileira do Itamaraty e também subsecretário de Minas e Energia do Governo do Estado do Maranhão, além de representante do Confea na conferência, Francisco Soares destacou que a sustentabilidade tem que passar pela engenharia, pois não se consegue vislumbrar qualquer ação de inclusão social, prosperidade econômica e proteção ambiental que não esteja imbricada com o Sistema Confea/Crea. “Medidas efetivas para redução do consumo de energia, água e alimentação, bem como ações para produção desses itens, precisam da interferência de engenheiros e agrônomos, para atingir plenamente seus objetivos de desenvolvimento sustentável”, discorreu Soares.