Escultura de preguiça-gigante é inaugurada em Porto Velho para promover a ciência e preservação da megafauna Amazônica
4 de novembro de 2024, às 15h24 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Uma escultura artística em tamanho real de uma preguiça-gigante, em homenagem à megafauna que habitava a região amazônica há mais de 10 mil anos, foi inaugurada nesta segunda-feira (4), na Residência do Serviço Geológico do Brasil em Porto Velho. A obra tem como objetivo promover a conscientização sobre a biodiversidade, a preservação do patrimônio natural e a importância das geociências. A proposta é reunir, em um único espaço, arte e ciência. Com quatro metros de altura e criado pelo escultor rondoniense Bruno Ferreira, a escultura foi construída em cimento e ferro.
O chefe da Residência do SGB/Porto Velho, Marcelo Guimarães, falou sobre a motivação para a construção da escultura. “O objetivo é contribuir com o conhecimento científico, especialmente para as crianças. Além da apresentação da escultura, também estamos inaugurando o espaço infantil, onde apresentamos o Serviço Geológico, com o programa SGBEduca, voltado para crianças de até 10 anos e alunos do ensino médio. “Nosso foco é ensinar sobre os recursos minerais e hidrográficos do Estado, promovendo o conhecimento sobre a história local, que remonta a mais de 10 mil anos. Esse trabalho ajuda a despertar o imaginário das crianças, permitindo que elas compreendam como era o passado e como isso se conecta com o presente. A iniciativa também conta com o apoio da Secretaria de Turismo e da Secretaria Municipal de Porto Velho, trazendo escolas e alunos para conhecerem mais sobre a megafauna e os recursos naturais que fazem parte da história do nosso Estado. Esse é um esforço importante para o desenvolvimento da educação infantil e do conhecimento geocientífico na região”, afirmou Guimarães.
Andréa Sander, coordenadora nacional do programa SGBEduca, ressaltou o objetivo do programa.”O programa SGBEduca visa à disseminação e divulgação científica, especialmente sobre a geologia e a ciência geodiversidade do nosso estado, que possui registros fósseis muito importantes, mas que, muitas vezes, são desconhecidos pela população em geral. Acreditamos que a escultura de uma preguiça gigante, colocada perto da cerca, atrai a atenção das pessoas para essa rica herança natural, que deve ser valorizada, preservada e mais conhecida. A escultura, que é uma réplica de um animal da megafauna, remete à paleontologia, uma área que desperta o interesse das crianças, principalmente com a popularização de filmes como Era do Gelo.

“O espaço infantil do SGBEduca foi pensado para atender diversas faixas etárias, desde alunos do 5º ao 8º ano, que já estudam geociências de acordo com a Base Nacional Comum Curricular. Contudo, também criamos um espaço específico para crianças da pré-escola, onde elas podem brincar e, ao mesmo tempo, aprender sobre geologia. A ideia é encantá-las, quem sabe, incentivando futuros geólogos a nascerem esse contato lúdico com o mundo da ciência”, salientou Sander.
A DESCOBERTA
Em 2015, durante um trabalho realizado em Vista Alegre do Abunã, em Rondônia, pesquisadores da CPRM descobriram uma paleotoca com mais de três metros de altura, revelando um impressionante vestígio deixado por preguiças-gigantes. Amílcar Adamy, pesquisador da CPRM, descreveu a descoberta: “Inicialmente, não sabíamos o que estávamos encontrando, pois não havia referências sobre paleotocas na Amazônia. Porém, ao consultarmos especialistas, fomos orientados a procurar marcas de garra, características de escavadores da paleofauna. Ao investigar, encontramos essas marcas, e foi assim que identificamos que a paleotoca foi feita por uma preguiça-gigante, um animal extinto há mais de 10 mil anos, no final da Idade do Gelo. Ela é a maior paleotoca do Brasil, com mais de 600 metros de túneis. Nós entramos em todos eles e levamos três dias para mapear a estrutura. O mais impressionante é que, em boa parte da caverna, é possível andar de pé, sem precisar se agachar. Poderia atingir até 5 metros de altura e pesar até 6 toneladas. A descoberta é uma contribuição importante para a valorização da geociência em nosso Estado, pois ajuda a compreender as populações do passado da nossa região. Não era só a preguiça gigante. Nós tínhamos mastodontes que são parentes dos elefantes. Tínhamos otoxodontes que são parentes dos hipopótamos e rinocerontes”, explicou Adamy, convidando a população para vir conhecer a preguiça-gigante.
