Instalação de usinas nucleares no Brasil é tema de plenária do Confea
25 de abril de 2013, às 10h50 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Energia nuclear responde por 16% da geração de energia no mundo. Nos Estados Unidos, esse valor é de 20%. No Brasil, o urânio responde por 1,8% da matriz energética brasileira. Ao mesmo tempo, o Brasil é a sexta reserva mundial em urânio do mundo, ficando atrás de apenas Austrália, Cazaquistão, Canadá, África do Sul e Namíbia.
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Esses foram alguns dos dados apresentados na manhã desta quarta-feira (24/4) aos conselheiros federais de Engenharia e Agronomia, durante abertura de Sessão Plenária do Confea, em palestra ministrada pelo especialista em engenharia nuclear Gunter de Moura Angelkorte. “Quero deixar claro que entendo que a energia nuclear é apenas mais uma opção que é colocada para a sociedade brasileira. De forma alguma colocamos que ela deva ser hegemônica na matriz energética”, esclareceu no início da apresentação. “Temos o recurso natural – o urânio, temos o conhecimento técnico. Falta a decisão: vamos ou não utilizar essa energia?”, afirmou Angelkorte, funcionário da Eletronuclear há 35 anos.
Angelkorte apresentou como funciona uma usina nuclear, quais são as camadas de proteção de um reator, fez um panorama sobre a energia nuclear no Brasil e comparou com o cenário mundial. “O consumo de energia elétrica per capita no Brasil é a metade do de Portugal. Somos inferiores em consumo à Argentina. O consumo ainda é muito baixo para que a sociedade brasileira possa dispor do conforto mínimo necessário. Mais de 50% do esgoto do Brasil não é tratado. Alguém conhece alguma forma de tratamento de esgoto que funcione sem energia elétrica? O crescimento econômico exige oferta de energia”, ponderou.
Angelkorte defende que o aumento da oferta energética tem influência sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e sobre a expectativa de vida. “Temos uma quantidade considerável da matéria prima [urânio] a ser explorada. Cabe à sociedade brasileira definir se vamos utilizar essa energia ou não”, completou.
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Ao final, presidente do Confea entrega certificado ao palestrante |
Após questionamentos dos participantes, o palestrante esclareceu sobre os acidentes de Fukushima e Chernobyl e sobre os sistemas de segurança das unidades nucleares brasileiras. Para o presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu, a palestra foi enriquecedora. "Com a proliferação de armas nucleares e com os acidentes que ocorreram, a sociedade brasileira passou a associar energia nuclear com contaminação radioativa e impacto ambiental. Mas temos que lembrar que a energia nuclear pode ser uma ferramenta de crescimento do país", disse.
Meio ambiente
Na palestra, Angelkorte colocou, ainda, a posição do Brasil em tratados internacionais e a regulamentação sobre destinação final de rejeitos radioativos (Lei n. 10.308/2001). “A maior parte dos dejetos nucleares no Brasil não são produzidos nas usinas nucleares – eles vêm da área médica”, explicou.
Na apresentação, o engenheiro destaca também a posição de um dos fundadores do Greenpeace, Patrick Moore, que defende que há evidência científica que demonstre a segurança ambiental da energia nuclear. “Tendo que escolher entre energia nuclear de um lado e carvão, óleo e gás natural do outro, a energia nuclear é de longe a melhor opção, já que não emite CO2 ou qualquer outro poluente no ar”, defende Moore.