Sustentabilidade mais próxima do Confea
2 de julho de 2012, às 8h40 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
A tecnologia sai fortalecida da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Esta é a principal conclusão a que chegaram os representantes do Sistema Confea/Crea, ao final da Rio+20. Reunidos a partir de um GT criado pelo Confea, eles manifestaram a importância do evento para dinamizar ainda mais a área, em suas diversas atividades. O evento transcorreu de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro, e foi marcado ainda, por parte do Confea, pela promoção de um seminário, junto à Unesco, Banco Mundial e Federação Brasileira das Associações de Engenheiros (Febrae), na sede do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, e ainda a participação das entidades da área tecnológica junto à Federação Mundial das Organizações de Engenheiros (Femoi), em um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Na visão do presidente do Crea-MS, Jari de Castro (representante dos presidentes de Creas), as reuniões iniciais coordenadas pelo conselheiro Ibá dos Santos levaram os representantes a se dividirem por eixos temáticos. Jari se incumbiu da área “Água e Desastres”. Ele conta que, apesar da exiguidade do tempo, foi possível desenvolver uma logística para a atuação de todos. “Conseguimos nos deslocar dentro do previsto, realizando o credenciamento no Rio Centro sem nenhum problema. Felizmente, a conferência deixou uma imagem positiva neste sentido, só com alguns problemas pontuais no trânsito”, disse, considerando que o país demonstrou maturidade logística, necessária também para os eventos esportivos que se aproximam.
Otimista, Jari considera que há avanços na discussão da sustentabilidade, desde a Eco 92. “Temos hoje indústrias vivendo disso, temos leis, temos várias ações de governos, não só do Brasil, mas de outros países, bastante focados na sustentabilidade, na proteção do meio ambiente, enfim, estamos vivendo um momento diferente no mundo. Acredito que, com a Rio+20 isso vai ser muito mais debatido, mais cobrado, não adianta só falar, com certeza a imprensa do mundo vai cobrar posições, a sociedade do mundo todo vai cobrar posições, e nós, representando o Confea/Creas na área tecnológica, estaremos cobrando e dando a nossa participação e vendo onde estamos ausentes. Então, acredito que foi muito positiva”, disse, parabenizando o Confea pela criação do GT Rio+20.
Diálogos sustentáveis
Jari de Castro descreve que pôde conversar com vários colegas de outros lugares do mundo. “Observamos que a tecnologia emanada com o poder público é sinônimo de sucesso. Onde o governo escuta a tecnologia e a tecnologia é parceira do governo, há sucesso. Então, acredito que não tem mais como desmembrar. E agora, na Rio+20, houve um congraçamento que essa ideia veio para ficar, que nós, da tecnologia, podemos passar informações para o poder público, com as legislações, enfim, todo o trabalho, para que possamos ter um mundo cada vez melhor, que é o objetivo de todos”.
Para o coordenador do GT, Ibá dos Santos, conselheiro federal suplente pelo Rio de Janeiro, um dos momentos mais importantes da participação do Sistema na Rio+20 foi a integração ao Fórum Federativo, no qual compareceram vários prefeitos, inclusive da Cidade do México, além da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. “E aí, veio aquela questão importante: o evento termina, e o que fazer agora? Então, foi feito um compromisso pós-Rio+20. Inclusive, foi feito um documento, assinado pelos prefeitos, com um compromisso de várias cidades, o Rio+40, reunindo 40 cidades do mundo. E a Frente Nacional dos Prefeitos também fez um documento de compromisso sobre cidades sustentáveis no Brasil”.
Ele também destaca o encontro com o empresário e engenheiro eletricista, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Oded Grajew, em que foi apresentada a proposta de criação de um sistema de metas sustentáveis para as prefeituras, medidas a cada dois anos. “E se você vai medir, vai qualificar, vai certificar, por trás disso, certamente, terá a engenharia. Assim, nós pensamos que queremos inserir este discurso da sustentabilidade, que é diferente da sustentação, no Sistema Confea/Crea, senão nós estaremos completamente defasados. E nós não podemos fazer isso. Temos o dever de participar, como brasileiros, das discussões sociais que vão acontecer daqui para frente, com certeza”, ponderou Ibá.
Presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia (Sbmet), José Carlos Figueiredo frisou o trabalho em tempo recorde, além de confirmar a necessidade de aplicar o conceito de sustentabilidade na engenharia. Segundo ele enfatiza, há uma diretriz já prevista no artigo 225 da Constituição, que preconiza: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
“A própria definição de sustentabilidade diz que a gente tem que identificar as nossas necessidades para preparar o ambiente para as gerações futuras. No caso, por meio da engenharia. Então, uma das coisas que a gente vai propor é a criação de um fórum, onde o Sistema Confea/Crea participe com todo o cuidado desta discussão de que não podemos mais ficar de fora. Também precisamos fazer um levantamento com nossos engenheiros de quem está trabalhando com sustentabilidade em nosso país. E deve ser muita gente. Nós temos que trazer estas pessoas para dialogar com a gente e com os outros colegas que não estão utilizando sustentabilidade nas suas tarefas profissionais”, sugeriu Figueiredo, declarando-se “animadíssimo” e convicto de que o Sistema tenha a sua representação bastante significativa neste processo.